Areia – Origem e Aplicações
A areia natural é um conjunto de minerais, normalmente abundantes em leitos de rios e praias. Normalmente é usada como matéria-prima na construção civil por aumentar a resistência dos materiais cimentícios e diminuir seus custos.
As atividades de extração mineral são de grande importância para o desenvolvimento social, mas também são responsáveis por impactos ambientais negativos muitas vezes irreversíveis. Estes impactos podem ser agravados com os processos de industrialização e crescimento das cidades, aumentando a necessidade de buscar matérias-primas. Segundo o Sumário Mineral/2001, publicado pelo DNPM (citado por LELLES et al., 2005), a mineração da areia em leitos de rios é responsável por 90% da produção brasileira.
Em 2010, a produção de agregado no Brasil foi de 451 milhões de toneladas, sendo que a de areia foi de 267 milhões de toneladas e há previsão que ela praticamente dobre em 2022 (IBRAM, 2010). Ressaltando-se que o produto mineral possui baixo valor econômico, sendo até 2/3 do seu preço devido ao transporte da origem ao consumidor. Estes fatores formam esta atividade predatória, pois não há preocupação quanto aos aspectos humanos e ambientais. Resumindo, a baixa relação preço/volume da areia faz com que as mineradoras procurem áreas o mais próximo possível dos centros de consumo, potencializando situações de conflito entre a mineração e o uso urbano do espaço.
Essas atividades podem causar impactos em diferentes etapas, que vão desde a implantação até a desativação da operação. Alguns destes impactos citados por Lelles et al. (2005) são:
Aumento da concentração de partículas em suspensão (turbidez) no curso d’água, em consequência do surgimento de fenômenos erosivos, decorrentes da exposição do solo às intempéries.
Contaminação do curso d’água causada pelos resíduos (óleos, graxas e lubrificantes) provenientes da maquinaria utilizada nos diferentes tipos de operações.
Depreciação da qualidade física, química e biológica da água superficial, pelo lançamento de efluentes advindos do esgoto sanitário.
Alteração da calha original dos cursos d’água, por causa do uso de equipamentos de extração de areia nos leitos dos rios.
Possibilidade de interferência na velocidade e direção do curso d’ água, devido a eliminação de bancos de sedimentos presentes nos leitos dos rios.
Indução a instabilidade do solo nos ambientes ribeirinhos, pela concentração de operações para a extração de areia.
Danos à microbiota do solo ocasionados pelos trabalhos de remoção da vegetação e abertura da rede viária e pela interferência direta decorrente da compactação do solo, em virtude do tráfego de maquinaria pesada.
Estresse da fauna aquática ocasionado pela geração de turbulência no curso d’água e aumento do ruído durante a extração da areia.
Referências:
INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO (IBRAM). Informações e Analises da Economia Mineral Brasileira (2010). Disponível em: http://www.ibram.org.br/sites/1300/1382/00000957.pdf>. Acesso em 27/08/2015.
LELLES, L. C.; SILVA, E.; GRIFFITH, J. J.; MARTINS, S. V. Perfil ambiental qualitativo da extração de areia em cursos d’ água, Revista Árvores, v. 29, n. 3, p. 439-444, 2005.